Friday, September 14, 2007

Fábula


Nossa novela sem fim
Uma fábula pós-moderna
Falsamente criada.
Perversamente mal-humorada.

Um teatro desmantelado, atores desqualificados
Um plenário lotado, o país inteiro engessado
Todos rindo a toa,
devem estar rindo do próprio rabo.

Se lá só tem ladrão, é porque por alguém foi votado
Povo medíocre, estatalizado
Não é culpa de ninguém, é culpa de todos nós
Não é o Imperialismo, e sim o nosso colonialismo.

Não é Robin, mas é quase, é Renam
Não é culpado, é vitima
Não dá para os pobres, mas tira deles
Vivemos sempre assim, idealizando falsos profetas
Criando estórias estapafúrdias, heróis de meia-tigela.

Absolvido, claro vivemos em uma demo-cracia
Demônios somos nós,
travestidos de mendigos
Implorando por um centavo.

Criamos nossa Atlântis
Brasília, a capital da impunidade
Pusemos lá a maior escória do mundo
Falta apenas acabarmos com essa cidade.

Circo de Macunaímas, corte de reis
E nos sempre os servindo, feito imbecis
Tá rindo do que?
Nosso final está longe de ser feliz.

Wednesday, July 25, 2007

Asas Tortas


Os invencíveis deuses de asas tortas,
que vivem a mostrar-nos que sempre há outro caminho
andando ao nosso lado,
trazem consigo um verdadeiro sentido

Sempre lembrados e jamais esquecidos
escondidos por corpos frágeis
ombros largos e grande sorriso
Iluminados por luz própria,
Mas sempre especiais
Controlados ou desmedidos,
facilmente reconhecidos.

Faz-me crer na sorte,
na sorte de poder tê-lo conhecido
Poder pegar um pedaço seu
E levar comigo.

Sem medir, olhar para a chuva
e acreditar que tudo isso
de alguma forma foi escrito,
foi planejado ou era para ter acontecido

Por você ou por mim.
Por todos os momentos,
longos ou breves.
Pela eternidade dos nossos vôos.

Saturday, July 21, 2007

E Agora?











E agora? O que faremos?
Sinto-me rodeado pelo vazio
Estou farto, do nada
E nada me satisfaz.


Só quero a paz do meu coração
a quietude da minha cabeça.
Sem culpa, nem contas vencidas
minha mente se sentir um pouco ausente.

Não quero o plasma,
quero o sangue,
quero o vidro,
e não o plástico.

Quero o real a ser vivido.
O gosto do sal, a terra fria e úmida
O mar a minha frente,e o vento a correr comigo
passos firmes em busca do que nos foi prometido.

Quero um presente, menos ausente
Não quero um futuro, tão distante
Talvez tenha sido um sonho,
mas prefiro o impossível, que viver iludido.

Quero ver no meu reflexo somente um sorriso
que outrora era inexistente,
que por uma sombra estava encobrido
Nesse mundo que não me foi apresentado
De quem me mantive escondido.

Será que um dia meu pedido será atendido?
Talvez não faça por onde,
não tenha coragem suficiente,
ou não seja o escolhido.

E você o que quer?
vai ficar sentado jantando?
Nada está definido,
um dia pode acordar, e não fazer mais sentido.

Friday, July 13, 2007

O Interno


O inverno insiste em se sobrepor, coloca suas manguinhas de fora, e exibe todo o seu frio, de gelar as canelas, ou melhor O Canela.

A cena trata-se de uma chuva fina, esparsa e lânguida. Faz-se enganar a todos que a vêem de frente a janela, prestes a por o pé para fora de casa, aplicando a falsa ilusão da sua inocência. Pequenos passos, poucos metros e toda roupa já está terrivelmente úmida, colada junto ao corpo. Os guarda-chuvas já pouco pode fazer frente a inclinação que os gotejos assumem.

A tosse torna-se um ruído comum, quase sinfônico, sendo cada vais mais escutado em todos os ambientes. O céu ganha tons acinzentados e nuvens a se movimentar. O vento ensaia assovios a cada esquina a ser dobrada.

Realmente é um clima para poucos, torna-se caro sobreviver a ele. É preciso munir-se, usar de subterfúgios para driblar essas adversidades, um bom e grosso agasalho, tocas, luvas, mantas..., além de equipar os ambientes com lareiras, estufas e aquecedores. Imagine a idéia de morar na rua, por mais que a necessidade o leve a essa posição, pelo menos que seja em uma cidade com clima mais ameno e tropical, pois ninguém merece desgraça tão grande na vida.

Assim o inverno vai nos cercando, de forma a não deixar dúvidas sobre quem dá as cartas do jogo. Acabamos ficando internos em nossas próprias casas, reféns do que acontece ao lado de fora. Só nos passa a idéia de dormir e esperar que tudo acabe logo, e a vida continue. Mas ainda virão muitos dias pela frente, então é melhor preparar tudo antes, pois pior é passar por isso e ainda por cima ficar doente.

Sunday, July 01, 2007

O Maior Chato do Universo

O silêncio é tudo que ele precisa, as mãos levemente amarelas e o tom pálido estampado no rosto. Fisicamente ele não está bem, mas por dentro ele não sabe sequer se existe. Começou com um sentimento pequeno que de forma devastadora e fulminante, o dominou.
Hoje ele está confuso e perdido, procurando o sol em um dos dias infernais do úmido inverno que assola o mês de junho. Seu sorriso está contido, não lhe restam forças para resistir, ele apenas lava o rosto na pia e fica a se questionar frente ao espelho. Indaga o quão está velho, procura as rugas para que possa contar o tempo. Sobe na balança e verifica o peso, vê os quilos adquiridos pelos seus péssimos hábitos e rapidamente despe-se indo ao encontro da sua ducha fria, para um alívio imediato. Busca o desconforto do frio para minimizar os pensamentos que são ativos e incessantes na sua cabeça.

A vida passa por ele, e não lhe dá nenhum trocado, com um olhar de desprezo, franze a testa e lhe sussurra ao pé do ouvido: - O maior chato do universo. Enfim uma supremacia que Joker conquista. Como se em um coro uníssono todos o dizem: - O maior chato do universo. Força de expressão, talvez, enfim o universo é tão grande, talvez não exista uma só pessoa com esse posto na Terra, mas sabe-se lá no universo. Levo a crer que pelo menos existe a possibilidade
dessa afirmação não ser verídica.

Joker, um palhaço, e como o mesmo que se preze, leva consigo uma graça já não mais tolerada, uma vez que todos já estão mais velhos, e adultos.

Ultrajado, Joker leva consigo seus títulos e suas lembranças, de um tempo em que talvez tenha sido mais tolerado e compreendido. O sentido de se estar sozinho, é o que ele busca agora. Como um ator que ao final de seu monólogo é vaiado, o palhaço sai de cena. Entende que manifestações públicas não são mais necessárias, assim ele retorna ao seu quarto e cobre-se esperando a vinda de um novo dia.

Thursday, July 13, 2006

Álcool


Joker se dirige a mais uma festa, todos já sabem o que irá acontecer somente ele continua a se enganar achando que dessa vez será diferente. O seu estado já é de uma leve embriaguez, foram tombadas algumas garrafas ainda no jantar. Diga-se de passagem, que com os anos ele cultivou uma enorme predisposição a bebidas alcoólicas em geral, ou seja, serão necessárias mais umas dezenas de copos para que realmente consiga chegar ao que se parece seu objetivo. Ele procura o seu ponto de mutação, onde se descerram as cortinas do novo mundo, onde as mulheres ganham curvas, curvas viram retas e postes viram imãs que são facilmente atraídos pelos carros. As conversas ganham sinceridade e às vezes grosserias, as cores vibram com o som, o dinheiro vira somente papel que é facilmente dobrado e amassado, com um único destino, a gaveta, pena que essa geralmente pertence ao dono do bar. Amizades são a todo segundo fortalecidas não importando se realmente conhecemos a pessoa a ser exaltada, mas é como se fosse da família, íntimos de infância. Até porque nos tornamos infantis, a ponto de acreditar na possibilidade de que agüentarmos mais uma, e lá vai Joker para mais um sim.

Assim ele vai passando as horas, que vão ganhando uma felicidade que cresce na medida em que sua embriaguez vai ganhando ares de porre, e se edificando homericamente, fazendo com que ele diga, sim, sim e sim, a cada investida de seus amigos para encher o copo, pelo menos na hora faz sentido, já que no dia seguinte ele é tomado pela culpa cruel e pensamentos antagônicos passam pela sua cabeça, uns até sem sentido, promessas que facilmente serão quebradas e esquecidas.

A gravidade acaba ganhando um valor diferente do normal, as pernas perdem o peso e também a coordenação, a sensibilidade dos ouvidos ganha um expoente e toda conversa vira uma gritaria infernal, assim Joker acorda após mais uma festa, mais uma noite riscada na memória aparente.

E o dia seguinte se impõe, o sol bate na janela, por mais limpo e azul que esteja agride os seus olhos de forma que não mais lembram a cor verde e sim um vermelho catódico e esbugalhado, como se estivessem sendo exprimidos a cada segundo.

A mãe o chama para o almoço, por inúmeras vezes, e é derrotada pelo cansaço, ele não tem vontade para nada, uma sensação de embrulho toma conta do seu sistema digestivo, é um pacote inflado de ar, pronto para estourar, PLAC!, fica impossível descer as escadas e se juntar a família para um almoço, onde todos iriam lhe reprovar, após inúmeras e irritantes perguntas sobre o seu estado. Ele não consegue comer, dormir, pensar nem simplesmente aguardar a melhora, a cada novo porre esse processo torna-se mais lento, e ele teme o dia em que a melhora não apareça, e seus dias se esvaiam nesse sentimento, que só poderá ser amenizado com mais álcool, criando a tão receosa dependência.

Sunday, June 18, 2006

Quimérico Destino

Viva o impossível, tudo que dificilmente acontecerá é certamente mais ensejado do que algo esperado. Assim mais ou menos funciona a cabeça do ser humano, e isso vem desde pequeno, tudo que uma criança quer é o que os outras têm. Pressupomos que o fácil subentende-se como sem valor.

É muito difícil nos darmos conta de que não necessariamente isso será o melhor e de que às vezes algo simples num primeiro olhar, pode cristalizar e se desenhar como algo jamais visto. Olhar para o lado e ver se realmente nossa felicidade não está muito mais próxima do que imaginamos.

Acho que na vida é preciso ter o nosso "timming" extremamente ajustado para não deixar que as oportunidades se tornem póstumas. Só da minha vida acho que já poderia ter feito inúmeros outros caminhos, talvez mais fáceis ou não. É preciso sem dúvida tomar decisões, arcar com elas, mas deixando de lado um pouco o preciosismo. De nada adianta ter uma vida de lucro bruto absurdo se de felicidade real não conquistamos nada.

De certa forma acho importante a quebra de barreiras e de intermediários, temos de ser mais diretos. Não mande dizer, diga logo. Mas somos ingênuos, às vezes não se damos conta de que a solidariedade na verdade é muito mais recompensadora para nós mesmos. Que suprimimos nossa vida para que os outros a julguem, e que só aceitaremos as melhores notas, ninguém gosta de ser corrigido ou reprovado. Assim temos atitudes que muitas vezes não condizem com o que realmente somos.

O triste de ser sozinho, não é o fato da solidão, mas sim o de que não importa o que façamos que nunca haverá outra pessoa para que de alguma forma colida com nossas atitudes e nos reprove.
O que seriam dos bons se os maus não existissem? Todo mundo tem o seu lobo, e consideráveis devem ser aqueles que fazem desmedidas as tentativas para de alguma forma trilhar um destino quimérico. Precisamos de parâmetros, erros e exemplos, somos de alguma forma incorrigíveis, mas falsamente disfarçados de ovelhas.

Todos são por inúmeras vezes devastados por pensamentos não éticos, corruptíveis e nada belos, a essência acaba por vir a tona, cabe a cada um entender as conseqüência e trilhar o caminho que melhor lhe convém. Compreender as coisas que vêm do nosso âmago, nossos medos e infortúnios.

Será que é preciso ver o mundo inteiro para dizer que eu gosto é daqui? Será que é preciso amar a todos para saber que a única pessoa que realmente queremos é aquele em que não sabemos mais ao certo onde está, e provavelmente ela já deve estar indisponível para que acima de tudo se torne mais difícil?